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Cuidado com o efeito "Maria Vai com as Outras" nas pesquisas internas!

Carlos Palhares, cofounder Qore.me e estrategista em Cultura e Endomarketing

Experimentos sociais comprovam quanto o ser humano tende a seguir a maioria quando percebe que sua opinião vai ganhar voz, nome e rosto. Lembra do conceito "Maria Vai com as Outras"? Essa expressão popular brasileira descreve o comportamento de pessoas que tendem a seguir a maioria sem questionar, movidas mais pela conformidade social do que pela convicção pessoal. Esse fenômeno é mais comum do que imaginamos e pode ter implicações significativas no ambiente de trabalho, especialmente quando realizamos pesquisas internas para avaliar a cultura organizacional, a satisfação dos funcionários ou outros aspectos críticos do negócio.

Um estudo clássico realizado pelo psicólogo Solomon Asch nos anos 1950 destacou a força da conformidade social. Asch conduziu experimentos em que participantes eram convidados a comparar o comprimento de linhas em cartões. O truque era que todos os participantes, exceto um, eram cúmplices do experimentador e deliberadamente davam respostas erradas. O estudo revelou que muitos dos participantes reais também davam respostas erradas, seguindo a maioria, mesmo quando era evidente que a maioria estava errada. Esse experimento demonstra como as pessoas podem suprimir suas próprias opiniões para se conformarem com o grupo.

No contexto empresarial, essa tendência à conformidade pode distorcer os resultados de pesquisas internas. Quando os funcionários percebem que suas respostas podem ser rastreadas até eles, podem sentir-se pressionados a responder de forma alinhada com a maioria ou com o que acreditam ser a opinião esperada pela liderança. Isso pode resultar em uma falsa imagem da cultura organizacional ou da satisfação dos funcionários.

Aqui entra a importância crucial do anonimato. Não só de mecanismos que garantam o sigilo e a não identificação, mas também a percepção do mesmo. Quando garantimos aos funcionários que suas respostas são anônimas, estamos criando um ambiente seguro onde eles podem expressar suas opiniões verdadeiras sem medo de retaliação ou julgamento. A certeza do anonimato é essencial para a qualidade e veracidade das respostas em qualquer pesquisa interna.

Sabe aquele Google Forms que você faz internamente? Sinto dizer: mesmo que ele não colete os dados dos respondentes, não gera essa percepção. Prefira sempre uma empresa terceirizada que realmente tenha qualidade na formatação das perguntas. A maneira como as perguntas são feitas pode ampliar ou reduzir vieses e ruídos.

Nós, aqui na Qore, temos uma constante preocupação com isso. Além de transformar sentimentos e preocupações dos colaboradores em dados visualmente comparáveis, também investimos tempo para construir perguntas poderosas em um formato que potencialize a verdade e não a conformidade.

Algumas empresas já perceberam isso e têm se beneficiado. Outras, seguem no "Maria Vai com as Outras" e continuam investigando de forma não estratégica e não muito profissional.

Fica a dica!

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