Artigo

Um mantra organizacional para chamar de seu.

Douglas Conte, cofounder Qore.me e especialista em cultura e endobranding

As empresas deveriam levar a sério sua filosofia, assim como as religiões levam os seus textos sagrados.

Há mais de 4000 religiões no planeta. Mesmo que a maior parte delas sejam diferentes em termos de crenças e doutrina, todas contam com algumas características, de certa forma, comuns. Claro, não posso afirmar que absolutamente todas têm rituais, crenças e uma história que as guiem. Mas tenho certeza que a grande maioria alicerça sua doutrina em textos sagrados íntegros e propositivos, embalados por vitórias sobre o inimigo — seja ele quem for — e um sonho compartilhado por todos. Olhe, por exemplo, as três monoteístas mais conhecidas: no judaísmo o texto sagrado é a Tora, no islamismo o Alcorão e no cristianismo a Bíblia. Agora, já que falamos em mantra, o budismo, por exemplo, é baseado em apenas um grande mantra conhecido como dharma ou dhamma.

Antes que pareça, quero deixar claro que a minha pretensão não é dizer que as organizações deveriam se transformar em seitas religiosas. No entanto, é importante olhar com carinho para esses movimentos a procura de características relevantes que fortalecem o orgulho e o pertencimento. Empresas têm histórias de conquistas, têm valores, crenças compartilhadas e, assim como as religiões, textos sagrados em forma de filosofia, com ritos internos e um sonho que deve ser comum a todos. A verdade é que se, pelo menos minimamente, as empresas soubessem reverberar a sua essência da mesma maneira que as religiões contam suas histórias, estariam muito mais próximas de uma unidade positiva dos colaboradores.

A forma mais simples de tornar esse processo em algo visto, lembrado, compartilhado e aplicado por todos é por meio de um mantra interno. Um texto breve, cativante, memorável e poderoso. Algo que transcenda os argumentos duros de uma missão corporativa e valores que ninguém entende, inspirando todos a sonhar o mesmo sonho.

Pense no mantra como um resumo da filosofia da empresa. Ele pode ser apoiado por princípios, rituais e artefatos (símbolos, jingle, objetos, mobiliários, gritos de guerra, cores, sons e até aromas). As premissas de um bom mantra é: ser inspirador; ter uma narrativa clara e direta; ser autêntico.

Talvez essas perguntas te ajudem a começar:

O que é tão verdadeiro, autêntico e genuíno na cultura de sua empresa que gera orgulho, é relevante e traz sentido para quem trabalha nela? 

Quais conquistas e narrativas da nossa história nos deixam honrados?

Se vocês tivessem uma placa do lado de dentro da porta da empresa, o que estaria escrito nela? 

O que o mundo, sobretudo, nossos clientes fiéis, perderiam caso a nossa empresa desaparecesse? O que nos torna especiais e diferentes?

Se você conseguir unir razão e emoção e, principalmente, fazer com que os colaboradores assimilem e vivam os valores ressoados pelo mantra, reverberará o seu jeito de ser para além das paredes corporativas. Isso, sem dúvidas, gerará orgulho e pertencimento dentro, relevância e fidelidade fora. No fim, os clientes não comprarão só o que você faz, mas também o porquê faz.

Download

Entre em contato

Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form.